Toda
a minha vida fui uma pessoa reservada, que não falava muito.
Pelo menos é o que dizem sobre mim. A verdade é que nunca dei tudo de mim a
toda a gente, a qualquer um. Acho que ninguém o deve fazer. Quando damos demais
de nós, perdemos um pouco de nós. E que triste é quando nos olhamos no espelho
e sentimos que não nos pertencemos por inteiro. Não acredito que haja maior desgosto
do que quando perdemos o controlo sobre o que devia ser só nosso. É por isso
que não vale o “deixa andar”, o “vai-se andando”, o “amanhã é outro dia”… Não vale,
não pode valer, é anti-jogo. O momento em que deixamos andar é o momento em que
deixamos de andar. Claro que amanhã é outro dia, mas será outro dia exactamente
igual ao que foi hoje se não se fizer nada diferente. E se o teu dia de hoje
foi uma merda, adivinha o que te espera… Não podemos deixar que o nosso futuro
e o nosso destino estejam nas mãos de outros: de outra pessoa, de outro
trabalho, de outra cidade. Se é preciso mudar, muda. Fecha os olhos e imagina
onde te vês daqui a 5 anos. É onde estás? Óptimo! Não é? Muda. Fecha os olhos,
cerra os punhos, range os dentes e vai. "E se der medo, vai com medo mesmo". Foi
o que eu fiz. Lembrei-me da criança que um dia fui e de quando prometi a mim
mesma que ia lutar pelos meus sonhos. É péssimo quando quebras promessas com
outras pessoas, mas é doloroso quando quebras contigo próprio. Sempre fui ambiciosa
e sempre quis muito, mas foi num dia aleatório que acordei e me apercebi que,
mais do que saber que queria mais, eu podia mais. Eu merecia mais. E percebi
que tinha de ser eu a arregaçar as mangas e a ir lutar por mim. E pelos meus
que me trouxeram até aqui. Claro que não é fácil, ninguém disse que ia ser
fácil. Um dia ouvi que “nada do que não faz o teu coração bater mais depressa
vale a pena”. O medo faz o coração bater mais depressa. Mas se há coisa que
ainda o faz mais é a coragem, a adrenalina de enfrentar os medos.
Foi nesse dia
que tudo mudou. Porque me apercebi que podia mais.