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Porque podia mais

Photo (No More Despair)
Toda a minha vida fui uma pessoa reservada, que não falava muito. Pelo menos é o que dizem sobre mim. A verdade é que nunca dei tudo de mim a toda a gente, a qualquer um. Acho que ninguém o deve fazer. Quando damos demais de nós, perdemos um pouco de nós. E que triste é quando nos olhamos no espelho e sentimos que não nos pertencemos por inteiro. Não acredito que haja maior desgosto do que quando perdemos o controlo sobre o que devia ser só nosso. É por isso que não vale o “deixa andar”, o “vai-se andando”, o “amanhã é outro dia”… Não vale, não pode valer, é anti-jogo. O momento em que deixamos andar é o momento em que deixamos de andar. Claro que amanhã é outro dia, mas será outro dia exactamente igual ao que foi hoje se não se fizer nada diferente. E se o teu dia de hoje foi uma merda, adivinha o que te espera… Não podemos deixar que o nosso futuro e o nosso destino estejam nas mãos de outros: de outra pessoa, de outro trabalho, de outra cidade. Se é preciso mudar, muda. Fecha os olhos e imagina onde te vês daqui a 5 anos. É onde estás? Óptimo! Não é? Muda. Fecha os olhos, cerra os punhos, range os dentes e vai. "E se der medo, vai com medo mesmo". Foi o que eu fiz. Lembrei-me da criança que um dia fui e de quando prometi a mim mesma que ia lutar pelos meus sonhos. É péssimo quando quebras promessas com outras pessoas, mas é doloroso quando quebras contigo próprio. Sempre fui ambiciosa e sempre quis muito, mas foi num dia aleatório que acordei e me apercebi que, mais do que saber que queria mais, eu podia mais. Eu merecia mais. E percebi que tinha de ser eu a arregaçar as mangas e a ir lutar por mim. E pelos meus que me trouxeram até aqui. Claro que não é fácil, ninguém disse que ia ser fácil. Um dia ouvi que “nada do que não faz o teu coração bater mais depressa vale a pena”. O medo faz o coração bater mais depressa. Mas se há coisa que ainda o faz mais é a coragem, a adrenalina de enfrentar os medos. 
Foi nesse dia que tudo mudou. Porque me apercebi que podia mais.