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Vou escolher lembrar-me que fui feliz

Hoje é a última vez que te falo sobre ti. Sobre nós. Sobre um nós que nunca existiu. Então aqui vai. A voz que faz o meu coração saltar já não é a tua. O sorriso que faz o meu coração derreter já não é o teu. Não que me sejas indiferente ou não queira o teu bem, não é isso. A verdade é que já não és tu. Já há muito tempo que não era suposto seres tu. As correntes desembaraçaram-se e eu libertei-me. Não me arrependo nem por um segundo de nenhum dos momentos que passei contigo, embora, na realidade, sem ti. Ou de nenhum dos sentimentos não mútuos. Fizeste-me crescer como mulher, embora involuntariamente da tua parte. Fizeste-me ver pela primeira vez que não há escolha! Assim que bates na parede, bateste, não há nada a fazer. Fizeste-me ver que há outros caminhos, muitas vezes, melhores. E, principalmente, fizeste-me aprender a ficar quieta quando tudo o que eu mais queria não dependia de mim. Deixo-te aqui um obrigada por tudo. Por cada sorriso, cada olhar, cada palavra, cada gesto. Porque, embora infeliz por não te ter, fizeste-me feliz todos os dias só por existires. Confesso que demorei algum tempo até te poder dizer adeus, mesmo já tendo avançado. Como romântica assumida, já li muito e acredito que cada pessoa tem na vida aquele amor platónico, aquele que nunca foi por distância, por amizade, por timing ou por outra razão qualquer. Eu acredito que és o meu. Acredito que vais ser sempre o meu. Não sei se algum dia vou olhar para ti como “apenas um rapaz”, ou “amigo de amigos” ou mesmo “amigo”. Sempre que te olhar nos olhos vou ver-me a mim e aos meus tempos de felicidade contigo, embora sempre sem ti. Vou respirar fundo. E vou sorrir. Vou escolher lembrar-me que fui feliz. Vou escolher lembrar-me das mil e uma razões que me deste para sorrir em vez das poucas para chorar. E, aqui, digo que a nossa história acabou. Posso não ter tido o poder de decisão em relação a ti no passado, mas hoje ele é todo meu. Considera isto um adeus. Um adeus a tudo o que nunca chegou a ser.