Já não me importo tanto como antes. Mudei, mudei outra vez. Agora sou o que sou, sou o que vês quando me olhas. Já
não é qualquer palavra que me ilude, qualquer beijo que me apaixona, qualquer
olhar que me conquista. O comum não me atrai. Não abro mão do meu carácter, dos
meus valores, daquilo que acredito. Se o fizer, estarei a abrir mão de mim
mesma. E ninguém o deve fazer.
Com o passar do tempo, percebi
que existem situações das quais não podemos fugir. Como a morte, a partida ou a
saudade, por exemplo. Mas não é disso que quero falar. Há certas coisas que é
melhor que as deixemos ir. Antes que elas nos destruam. Enquanto não encerramos
um capítulo da nossa vida, não podemos partir para o próximo. Por isso é tão
importante deixar certas coisas irem embora, libertarem-se, desprenderem-se. As
pessoas precisam de entender que ninguém está a jogar um jogo garantido. Às
vezes ganhamos e às vezes perdemos.
Precisamos de correr atrás dos
nossos planos, realizar sonhos, viver a vida ao máximo. Mas sim, às vezes
também precisamos de desistir. E por mais simples que pareça, não o é. Desistir
do que não queremos é fácil. Difícil é desistir daquilo que mais gostamos.
Muitas vezes é algo pequeno, algo a que estamos acostumados, algo que sabemos
que não fará falta. Mas até dessas coisas é difícil abrir mão.
Saber desistir é uma das últimas
e principais lições que aprendemos na vida, até porque é uma das mais duras.
Mas com ela vem a sabedoria, a realização, o sucesso. Porque quando precisamos de
desistir de algo, é porque esse algo nos impede de ir adiante, de seguirmos com
as nossas vidas.
Muitas vezes o que nos aprisiona
é um relacionamento doentio, um sonho mesquinho ou fantasioso demais, um erro
recorrente, um sentimento negativo. Mas nem sempre é algo mau. Algumas vezes estamos
simplesmente a perder tempo com coisas que não trazem proveito algum. Um projecto
falhado ou uma actividade sem muito futuro, talvez.
Isto lembra-me daquelas pessoas
com problemas psicológicos que não conseguem deitar nada fora. Que vivem no
meio de pilhas e pilhas de lixo desnecessário e acham que precisam daquilo tudo.
É um distúrbio mental que a pessoa não consegue enfrentar, desistir, deixar ir.
É claro que é um distúrbio raro e que eu nem conheço alguém assim, só de
programas da televisão. Mas às vezes comportamo-nos exactamente igual com actividades,
com projectos, com planos, com sentimentos, com relações. Chegamos a um ponto
em que precisamos de seguir em frente e não olhar para trás, para o que fica
pelo caminho. O problema é que, nessa grande viagem que é a vida, queremos sempre
carregar com tudo atrás de nós e esse excesso de bagagem traz-nos um peso completamente
desnecessário. Então acabamos por ficar estagnados, cansados demais para continuar.
Há momentos na vida em que temos
que deixar certas coisas de lado, que temos de nos desprender. Dói, dói muito,
fere o nosso orgulho. Mas é necessário. Daqui a algum tempo olharemos para trás
e saberemos que essas pequenas desistências valeram a pena para chegarmos onde
chegámos.
Sou extremamente nova, mas já aprendi
de diversas formas que a vida é feita de escolhas. Quando damos um passo em
frente, há sempre algo ou alguém que acaba por ficar para trás. Custo de
oportunidade.
Uma professora um dia contou-me que quando foi
anunciada a concessão de um prémio Nobel a Linus Pauling, um famoso químico norte-americano
do séc.XX, um jornalista perguntou-lhe o que era necessário para ganhar esse
prestigioso prémio. E a resposta dele foi: “ter muitas ideias e a coragem de
deitar quase todas fora”.
Por isso, deixa de ser quem eras
e transforma-te em quem queres ser.
"Uma rapariga sábia beija
mas não ama, ouve mas não acredita e parte antes de ser abandonada." Marilyn
Monroe