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Como os príncipes que acordam as belas adormecidas

“Guarda as declarações decoradas para as meninas que ainda acreditam em contos de fadas. Comigo, podes vir tranquilo, desarmado, sem os textos decorados desse papel que te entregaram de príncipe encantado. Eu também já me despi de todos os sonhos de relacionamentos perfeitos que a vida me trouxe pelo caminho. Aprendi que vocês nunca vão funcionar como os príncipes que acordam as belas adormecidas. Depois disso, sempre me mantive bem acordada. Eu conheço os teus defeitos. Sei cada um deles. Tenho a mania de observar cada mísero passo das pessoas antes até do primeiro olá. Analisei-te enquanto sorrias despreocupado e deixavas o sol iluminar o teu cabelo castanho claro. Vi como os traços do teu rosto se suavizam quando falas com alguém que gostas. Observei a maneira como piscas os olhos incessantes vezes quando estás muito nervoso. E como ficas vermelho quando não sabes o que responder perante alguma coisa inesperada. Não precisas mesmo de saber o que responder. Não quero que respondas perante os meus dilemas. Talvez assim te vejas tentado a questionar o mundo comigo. Ou talvez te assustes. Eu sou mesmo alguém cheia de falhas. Tenho crateras em cada parte do meu corpo. Principalmente, no coração. Foram as cicatrizes, no corpo e na alma, que outras pessoas deixaram antes de ti. Mas fica tranquilo, não te quero perfeito. Podes vir cheio de erros. Vamo-nos despir dessa obrigação de fazer o outro feliz. Deixa no canto do quarto essa necessidade louca de fazer tudo certo. Eu aceito errar contigo. Eu aceito gritos, pratos partidos, discussões de tirar a respiração. Basta que digas que estás disposto a errar comigo. Comigo. E, quem sabe, entre todos os nossos erros, não consigamos uma ou outra coisa boa. Mas não te cobro nada. O meu “felizes para sempre” sou eu que construo. Chamo-te hoje para a minha vida, não para preencheres as minhas falhas, mas para me dares a mão e me ajudares a tapar as minhas feridas. Eu ajudo-te a cicatrizar as tuas também, se quiseres. E, juntos, vamo-nos rir disso tudo. Mas não te cobro nada. Talvez consigamos dar certo. Talvez acabemos mesmo com uma história bonita. Talvez vás embora, talvez eu não queira ficar mais. Mas eu estou aqui, agora. Com os meus braços abertos para te receber, se quiseres vir. Porque sem te cobrar felicidade, sem te cobrar uma história bonita e sem te cobrar amor, talvez, quem sabe, tenhamos sorte e consiguemos ser felizes, ter uma história bonita juntos. Espero que a vida, o destino, ou sei lá, resolvam dar um empurrãozinho. Quem sabe, até, não nos amemos até o final dos dias. Até o fim.”