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(Não tão) indiferente


Ela, apaixonada, indefesa, insegura. Ele, charmoso, valente, (não tão) indiferente. Cruzam-se praticamente todos os dias. Ela olha-o cuidadosamente. Um olhar genuíno, dócil. Olha-o como nunca ninguém olhou para ele. Ele quer olhá-la como mais uma rapariga. Mas ele vê. Ele vê os olhos dela a seguirem-no discretamente. Ele vê o brilho nos olhos dela quando se cruzam. Ele vê as pupilas a dilatarem-se e as faces a ficarem rosadas. Ele vê. E quase que ouve o coração dela a palpitar cada vez mais depressa quando ele se aproxima. E, no fundo, o coração dele segue o dela. Porque todos pensam que ele é indiferente. Mas como explicar a constante vontade de voltar para onde ela está? As contra-respostas rápidas quando ela lhe faz uma pergunta tímida, como se o coração não deixasse esperar para responder? Como explicar ele se sentir tão bem ao pé dela? Ele sabe que lhe acontece o mesmo. Mas também sabe que nunca vai dar o primeiro passo. Não por falta de amor ou por falta de coragem. Talvez seja por não querer arriscar. A falta de coragem prevalece do outro lado. Ela nunca vai avançar, não lhe está no sangue. Essa falta de coragem junta-se ao medo da rejeição e faz com que ela nunca se vá aproximar. Estão condenados ao fracasso e ambos sabem disso. Mas o incurável lado romântico dela nunca a vai fazer desistir.